A mobilização do setor de concursos em favor de uma legislação específica para disciplinar os processos seletivos cresceu desde o anúncio, em junho, de que a Polícia Federal (PF) realizava a maior operação já feita para desbaratar esquemas de fraudes. Cerca de cem pessoas já foram indiciadas e 80 ainda precisam ser ouvidas. A quadrilha foi descoberta a partir de indícios de irregularidades detectados no concurso para o cargo de agente da própria PF, realizado em 2009.
A Operação Tormenta verificou que a organização criminosa, baseada no estado de São Paulo, atuava em todo o país, tendo acesso aos cadernos de questões antes da data das provas. Além do concurso da PF, o grupo obteve provas da segunda fase do exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), realizado este ano, e do concurso para auditor fiscal da Receita Federal de 1994. Isso indica que já atuava há 16 anos. Seleções recentes para a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e Agência Brasileira de Investigação (Abin) também estão sendo investigadas.
Segundo a PF, durante as provas, os fraudadores repassavam respostas a candidatos por meio eletrônico ou infiltravam pessoa mais preparada para prestar o teste usando o nome do cliente. A falha de segurança que permitia que os fraudadores obtivessem os cadernos de questões foi verificada no transporte das provas. Eles também faziam falsificação de documentos e diplomas necessários à posse, caso o beneficiário da fraude não tivesse a formação exigida.
Os bandidos cobravam R$ 50 mil pela prova da OAB e US$ 50 mil no concurso para a agente da PF. Ainda de acordo com o responsável pela Operação Tormenta, delegado Victor Hugo Rodrigues Alves, a organização criminosa já tinha estabelecido tabela de preços para concursos futuros: cobrariam US$ 100 mil pela prova de delegado da Polícia Federal e US$ 150 mil pelo caderno de questões da seleção para auditor da Receita Federal.
Foram identificados 53 candidatos que tiveram acesso antecipado à prova de agente federal, 26 que obtiveram a da OAB e 41 no caso da Receita Federal. A PF está indiciando os beneficiários por receptação e estelionato. Já os membros da organização criminosa estão sendo indiciados por formação de quadrilha, violação de sigilo funcional e outros crimes.
Rafael Faria / Jornal do Senado
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